31 de dezembro de 2010

Mãos ao alto

Me rendo
Me sinto
Me entrego
Me sento

Corro inadvertido
Como se sempre contente
Inexplicado verbalmente

Em quatro cantos da bagagem
Me esqueçi duas chaves
Sera que finjo precisar de muletas
Segurando nos teus braços?

Perdi a linha da palavra
Pequei pelo medo do excesso
Sequei a fonte em ausência
Sem saber ficar presente


(por Igor Baseggio)

24 de setembro de 2010

Tempo

Nossos corações gritam a cada momento
Como o passado nos dita cada velha história
Em toda a rapidez do tempo corrente

Novas histórias revelam um futuro possível
Relembrando o presente de que ele se tornará história
Em um tempo que será sempre presente

Escrever sobre o próprio passado
Foi como reformar uma velha estátua
Mas me assombrei ao ver que sua sombra
Atrás da luz, não mudava de forma

(por Igor Baseggio)
(23/09/2010)

20 de setembro de 2010

O Agora por Ontem

Sem expressar qualquer sentimento
Ainda nos protegemos.
Esbarramos no que há de mais concreto
E ambos estamos corretos.
Nos conhecemos em nossas diferenças.
E assim nos reconhecemos
Através da incrível sutileza do seu verbo.

Insensíveis a algumas de nossas potências,
Como alquimistas bandidos,
Ambos prometemos pelas próprias experiências.
Assim somos ávidos
Nas condutas políticas que criam essa condição.
Agradeço de coração
Pelo aprendizado dessa capacidade estratosférica.

Ainda que o fascínio pelo teu comportamento
Continue fazendo presença
E permaneça comigo por ainda muito tempo,
Valeu a pouca excelência
Que me ajudou enxergar melhor esse contratempo.

Certo de que fiz o melhor que pude,
E assim o fiz,
Abri espaço para novos passos,
Coloquei energia alhure
E encontrei um nós com concretude.


(por Igor Baseggio)

28 de agosto de 2010

No proof

I don’t see the hardness people see in you
I don’t see these people hardening your will
I do see freedom guiding your own art
I do see love pumping out of your heart

There is no need to prove this out
There is no need to say this out loud
Just come on and let us feel this magnet
Just come out and let us be magnificent

I don’t need to show my way through you
We don’t need to prove our way through us
I don’t need to tell everything about us
We just need to make our way toward us

I don’t see the need of loud sounds
I don’t see the need of huge crowds
Just come out here and do it
There is just no need to prove it

(by Igor Baseggio)

17 de agosto de 2010

Há multas quando a humildade falha

Riquezas das mais diversas lembranças
Se espelham através de mínimos gestos
Construídos através de uma atitude presente
Que faz adquirir competências de todas as idades

As possibilidades que criam as condições certas
De um caminhar que modifica o presente
São os passos conscientes de nossa presença mútua
Já que o futuro cobra multas quando a humildade falha

Idealmente, é perfeito caminhar pelo presente
Sem perturbar a mente com o passado
Sempre olhando para frente, simplesmente,
Carregado sua bagagem com dignidade

Praticamente, se os passos que dás no presente
Tropeçam num passado que ainda lhe é trágico
Talvez seja melhor perdoar com humildade
Aquilo que jaz nos nós da tua história
Porque eles lhe debitam de um rico futuro

(por Igor Baseggio)

18 de julho de 2010

Diferenças

A escrita intensa ressoa uma vida inteira
Voando através de linhas extensas
Que expressam a minha sentença
Pousada sobre velhas lembranças
Que ecoam como verbos oníricos
Nascidos de longas distâncias

Versos inteiros reverberam o som
Que nunca fizeram jus ou dom
De expressar verbosamente
O verbo que existe essencialmente

A estrada extensa leva a vida inteira
Rodando através de longas distâncias
Fazendo existir toda a diferença

Voando em sua própria essência
E existindo como presença
A escrita nasce de nossas divergências

(por Igor Baseggio)

3 de julho de 2010

Te entrego

Escrevo e te entrego pelas palavras
Vejo teus versos nessas linhas
Escrevo e te entrego aos teus verbos
Tuas rimas estão nas entrelinhas

Escrevo e te entrego pelos sons
Ouço teu tom nessas poesias
Escrevo e te entrego aos teus gestos
Vejo espelhos nesses versos

(por Igor Baseggio)

28 de junho de 2010

Por enquanto Agora

Estranhos ao conceito da reciprocidade
Talvez esbarremos pela idade
Nas palavras detidas e olhares cinéticos
O nós talvez não seja concreto

Conhecido por sua potência
Talvez esbarre em sua promessa
Das condutas políticas e conversas cibernéticas
Tenho recebido pouco em excelência

Ainda que o fascínio pelo teu comportamento
Me siga míope a todo o tempo
Me desapego contrariado desse contratempo

E certo de que faço o melhor que posso
O melhor que por enquanto agora faço
É colocar energia em outros passos

(por Igor Baseggio)

25 de junho de 2010

Infrutífero Apego

Peguei carona em uma estrela
Que me lembrou das velhas paixões
E na velocidade da luz em curvas retas
Percebi a pequena vastidão das velhas ações

Sentado sobre sentimentos deploráveis
Uma vez cultivei um infrutífero apego
Época em que os frutos bonitos iludiam o gosto
Época onde os gestos escondiam verdades intragáveis

Uma vez com gestos encolhidos
Me guiei por atitudes confortáveis
Uma vez com olhares profundos
Me amorteci por condutas confiáveis

Peguei carona naquela estrela
Que me lembrou destas escuras reações
E na velocidade do som em curvas certas
Percebi a grande vastidão das novas gerações

(por Igor Baseggio)

10 de junho de 2010

Quando a inspiração é o Futuro

Quando depende apenas do poeta
O som da poesia é fácil e perfeito
Mas quando é criada para um terceiro
A poesia é difícil e com defeito

O poeta se dá um conforto inédito
Cada vez que escreve para si
É capaz de traduzir as maiores distâncias que existem entre os corações

Mas quando a palavra que se expressa
É inspirada pelo duvidoso futuro
O poeta borra o papel no mesmo minuto
Escreve com as próprias mãos a sua sentença

O poeta que recria as sensações do coração
Traz em suas palavras o eterno legado
Por outro lado, o poeta que se inspira por um futuro incerto
Cultiva em si a semente de sua própria humilhação

(por Igor Baseggio)

3 de junho de 2010

Naipe

Eu caminhei a favor do vento
Que soprou naquele momento
Então procurei entendimento
Tive que ver com olhos atentos

Comecei correndo rápido
Me acabando logo pálido
Então comecei a ter certeza
Que o caminho pedia esperteza


Navegando em águas conhecidas
Contornei algumas armadilhas
Porque de início eu soube ao certo
Que o destino ele era incerto

Corro lento pelo mundo
Em busca daquele sujeito
Que nascido do seu jeito
tenha coragem de se ver num espelho

(por Igor Baseggio)

29 de maio de 2010

Planos pro jantar

Entre planejamentos e intenções
Preso aos planos como o pano sobre a mesa de jantar
Debaixo de copos e gostos ao centro de conversas ao redor

Derrubo alguns copos e desperdiço alguns grãos
Eles caem ao chão, mas não fico olhando

Cuidando para não derrubar o mesmo copo duas vezes
Puxo o pano por debaixo dos gostos para mudar essas conversas
Mudando logo o pano de fundo e os planos em um segundo

Os copos mudam de lugar e os gostos se adaptam ao procurar
O corpo procura outros olhos para enxergar
E os planos sobre este velho pano relutam em continuar

Procuro novos copos e me adapto a novos grãos
A liberdade para agir está na coragem de mudar

(por Igor Baseggio)

28 de maio de 2010

Troca

O olhar tênue e um sorriso simples
Os olhos se encontram e uma mão enxerga a outra
Num momento repentino, mas ainda esperado
Os lábios se tocam e a noite se colore com estalos

Os dias se passam e duas vidas seguem
Cada uma pelo seu caminho
O toque vem na hora certa
Ele disse para não ter pressa

As pernas se enroscam uma na outra
O braço abraça as costas e descansa
A conversa longa ao centro da cama
Uma troca que promete lembrança

Os meses se passam e duas vidas seguem
Cada uma pelo seu caminho
O toque vem na hora certa
O abraço não deve ter pressa

(por Igor Baseggio)

20 de maio de 2010

Sentido inconcreto

Às vezes a poesia é pedante
Não tem pra onde correr
Ela fala do sentimento óbvio
Mas não fala da concreta situação

A poesia não tem sentido em si
Entre vírgulas e pontos invisíveis
O sentido está naqueles que a escutam pelo simples fato de ser poesia

Já a prosa lembra o contar de uma história
Que entre vírgulas e pontos pede sentido
Um sentido que existe pelo simples fato de ser prosa

A poesia não é igual à prosa, que em nós se enrola
É como um quebra-cabeça, que em pedaços se encaixa
Uma letra puxa a outra
Uma palavra puxa a próxima
A rima pode ser aleatória
Os versos muitos ou poucos
Não importa

A poesia fala por palavras e sons
Como qualquer conversa na esquina
Mas a poesia nunca fala da concreta situação
Porque mesmo que não seja concreto
Talvez seja este seu único sentido
Rimar os sentimentos por completo

(por Igor Baseggio)

17 de maio de 2010

Priva cidade

Às vezes a privacidade é um mito
Minto
Às vezes a minha cidade é um mito
Sinto

Em retas e setas planejadas
Sigo
Sob tetos e linhas paralelas
Vivo

Minha cidade é
Um mito
De privacidades
Sinto muito

(por Igor Baseggio)

13 de maio de 2010

Eloqüência

A eloqüência, que passou e pegou o cara sentado e despreparado
Num dia que prometia trazer uma noite como qualquer outra,
Deu um soco na consciência do cara que estava sentado
Prometendo há dias acreditar na eloqüência de sua própria ideologia.

A ironia, é que o cara sentado arquitetava há dias como gritar a sua ideologia
A verdade, reafirmada pelo ser que o lembrou de abrir a cabeça com sua antropologia,
É que acreditar em si faz do seu mundo o lugar da sua alegria
Que o seu conhecimento é o combustível capaz de mover um mundo todos os dias

Belamente ditas, as palavras lhe fizeram total sentido.
Os gestos expressivos lhe foram percebidos o tempo todo.
Os olhos, por momentos, observaram atentos um e outro,
Mas entorpecido, o cara sentado nem sequer fez sentido.

A crença na própria essência é capaz de lhe abrir todas as portas.
Um ser generoso alertou o cara sentado sobre sua capacidade
De acreditar em si e seguir em frente abrindo suas próprias portas.
Suas incríveis palavras ressoaram por todas as suas partes!

O cara sentado, que há dias maquinava engenharias para caminhar pelo mundo,
Desassossegado e mal educado, havia deixado sua eloqüência em algum lugar guardado.
Enquanto a tentativa de acesso lhe era bem vinda e certamente haveria ali seu espaço,
Deixou-lhe escapar, sem querer, uma oportunidade, ainda que não seja por acaso.

(por Igor Baseggio)

Contraste arte

A capacidade da arte
Reside na vulnerabilidade em mostrar contrastes
Desapegando-se das partes
Tornando-se arte

A capacidade das partes
Reside nos contrastes que criam arte
Desapegando-se da vulnerabilidade
Mostrando os contrastes

A vulnerabilidade do contraste
Reside na capacidade em mostrar partes
Desapegando-se do contraste
Juntando as partes

Na verdade,
A verdade da arte
Reside na capacidade de juntar as partes

(por Igor Baseggio)

11 de maio de 2010

Dois

São duas as honras e são duas as coisas
Mas são suas as fronhas

São duas lorotas e são duas anedotas
São nossas as derrotas

São duas as flores e são duas as dores
São estes os operadores

Não entrego flores, planto sementes
Não escrevo cartas, solto palavras
Não faço serenata, rimo na sacada

Não espero o sim.
Preciso, outrossim, não fazer assim.
Busco dizer que convim.

(por Igor Baseggio)

27 de abril de 2010

Mostrar

Um sentimento que não sei de onde vem
Uma incerteza que não sei para onde vai
Por um momento não sei o que fazer
Mas sei que para frente devo andar

O beijo não sei o que diz
Na conversa apenas sei que aprendi
O abraço que toda a esperança faz trazer
Apenas sei que gosto de sentir

Aquele beijo um dia eu quero dar
Naquele abraço um dia quero estar
Aquele sono eu quero compartilhar
Um sonho eu sei que tenho para mostrar

Ansiedade que não sei de onde vem
Pés que não sei quando vão parar de balançar
Só sei que o pensamento quer se mostrar

Agora sei que o momento é para mostrar!

Um sentimento que agora sei de onde vem
Uma incerteza que logo vai se desmanchar
Por um momento eu sem bem o que fazer
Olhar para trás só para saber quais passos não devo dar

O beijo não sei ainda o que quer dizer
Na conversa sei que também posso ensinar
Um abraço apertado eu sei que posso dar
Sei que gosto de sentir e nesta direção vou caminhar

Ansiedade ainda não sei para que está
Os pés ainda não pararam de balançar
Mas continuarão sempre a caminhar
Porque agora o sentimento tem intenção de se mostrar

(por Igor Baseggio)

4 de abril de 2010

Vulnerável

Entre a expressão da vulnerabilidade
E a vulnerabilidade da expressão
Há um espaço vazio
Que depende de coragem para estar

Neste espaço há muita coisa em ebulição
Há uma pessoa em transformação
Neste espaço vazio
Só a coragem faz habitar a imaginação

O espaço vazio é vulnerável
Está sujeito à nossa própria ação
À toda expressão nas mãos de qualquer sujeito
Somos sujeitos da nossa própria ação

A inspiração vem em doses ínfimas
Das situações mais banais
Como ver o menino cair em desespero
Ao ver o fim do desfiladeiro
Ou ver a menina levantar o vestido
Depois do desfile no picadeiro

A coragem vem de gestos mínimos
Nas atitudes mais casuais
Como sentir-se na pele do cantor silencioso
Antes de cantar a primeira nota
Ou sentir o torpor do espaço vazio
Antes de ousar a primeira expressão

(por Igor Baseggio)

14 de março de 2010

Arte alheia

Cheguei a um lugar
Um ponto de cuidado com o que desejar
Mas com o que eu sei já é suficiente para começar

Eu estava dentro, mas não por inteiro
Eu estava disposto, mas não totalmente

Então caí, e ainda estou intacto
Então mergulhei, e ainda estou respirando
Então pulei, e ainda estou voando
Então senti, e ainda estou aqui
Então morri, e ainda estou de pé
Então amoleci, e ainda estou firme no comando

3 de março de 2010

Há dias não escrevo

Há dias não escrevo
É há dias em que as palavras caem como avalanche
Enchente de sentimentos que se traduzem pelas letras
E palavras de um poema escrito na areia

Há dias não escrevo
É há dias em que escrevo escuras ventanias de palavras
Tempestades de versos que transmitem sentimentos
De palavras e poemas soltos ao vento

Há dias não escrevo
E há dias que escrevo as mais belas palavras
Furacão de sincronias que só se traduzem nas letras
De rimas e poesias criadas do nada

Há dias não escrevo
E há dias em que as palavras vêm me mostrar idéias
Chuvas de pensamentos e brisas de sentimentos
Sobre acontecimentos pedindo palavras

Há dias não escrevo
E há dias que definitivamente não escrevo
Brisa que acontece na maior parte dos tempos e momentos

Há dias não escrevo
E há dias em que escrevo rimas livres de julgamento
Levantando a saia de qualquer sensação ou sentimento do coração

(por Igor Baseggio)

11 de fevereiro de 2010

Da janela do meu quarto

Do segundo andar eu posso ver a minha infância
Poque da janela do meu quarto vejo a árvore em que subia
Do segundo andar eu posso ver os lugares que me escondia
Mas da janela do meu quarto vejo a infância de hoje em dia

No segundo andar eu moro com a minha família
Que da porta do meu quarto me apresentou o dia a dia
No segundo andar eu começo os meus dias
Que de fora do meu quarto trazem minhas rimas

Do segundo andar eu recordo viagens do passado
Que da porta do meu quarto dei os primeiros passos
Do segundo andar viagens de amanhã eu aguardo
Que da janela do meu quarto idealizo cada passo

Nos segundos dos relógios espero respirar pelas manhãs
Dos anos que passaram eu quero aprender todas as manhas
Porque da janela do meu quarto imagino ares de amanhãs

Entre a janela do meu quarto e o mundo lá embaixo
Existe uma escada que pisa cada passo
Entre a porta do meu quarto e o mundo lá embaixo
Existe um segundo em que se dá o primeiro passo

(por Igor Baseggio)

6 de fevereiro de 2010

Palavrarte

Que as rimas daqueles dias
Sejam arte no meu dia
Porque a palavra da poesia
É apenas contemplativa

(por Igor Baseggio)

3 de fevereiro de 2010

Desejo

Sonhas com um desejo
Desejas o futuro
Desejado desjeito

Ao futuro tempo desejaste
Desejou-te o tempo futuro
O desjeito futuro desejou-lhe

Distante de ti esteve
Entreteve tua mente
Mentiu ao teu Mentor
Manteve-te menor

Manteve tua mente
Desejaste o passado
E desajeitaste o futuro
Desejo desajeitado

(por Igor Baseggio)

2 de fevereiro de 2010

Venho a lhe dizer

Entre começos e recomeços
Agora me vejo a tropeçar
Porque vejo que não posso
Com os sentimentos do teu olhar

Por isso venho triste a lhe dizer
Que não vejo por onde começar
Porque quando estou com você
Só me resta observar

Porque a cada estação que venho a lhe procurar
Outros amores já estão a lhe beijar

Por isso venho triste a lhe dizer
Que este começo só nos tende a tropeçar
Porque o que tenho a lhe dizer
É que remédio nenhum nos vem a calhar

Ou vem pro meu coração
Ou sai do meu colchão
Porque não posso em minha razão
Ignorar meu coração

Por isso venho triste a lhe dizer
Ou vem de coração
Ou parte logo com razão

(por Igor Baseggio)

Entre um trago e outro

A - Me dá um trago desse seu cigarro aí?

B - Mas é claro, toma aí.

A - Nossa! Que gostoso. Você comprou ele aqui?

B - Não... Foi ali. Onde mora seu Davi.

A - Aquele que quando a menina passou não estava nem aí?

B - É... Esse aí.

A - Ai...

B - Olha! Ele vem bem ali.

...

A - Olá Davi. Tudo bem aí?

Davi - Tudi! Só o Marquí, marido de Marí, que comeu pastelzí e não sai mais do piniqui.

A - Xi...

Davi - Mas eu não to nem aí.

B - Claro Davi. Você não ta nem aí nem ali para o que acontece aqui.

Davi - Olha como você fala comí, que eu te boto pra correr daqui!

A - Mas que braveza Davi. Aqui quem fala assim acaba bem ali.

Davi - Ali?! Não to nem aí... Me dá um traguí do cigarro que vendi pra ti?

A - Toma aí, Davi...


(por Igor Baseggio)

29 de janeiro de 2010

Mo (vi) mentos

Da minha timidez
Refiz minha cautela
Audáz como um aprendiz
Respeitei a insensatez

Como um relógio
Criei meus tempos
Capaz como os ventos
Refiz meus momentos

Sei que de momento a momento
Levo algum tempo
Para definir aquilo
Que a todo o momento
Se move como o tempo

De criação em criação
De renovação a renovação
É preciso realizar a ação
Que talvez traga a noção
De que estou em eterno movimento

(por Igor Baseggio)

27 de janeiro de 2010

Incidente canino

Cão morde cão
Na frente do portão
Arranca um dedão
Se achando espertalhão

A rua inteira viu
Foi grande a aglomeração
Que viu cão sem dedão
Correr apuro vil

No portão amarelo
Que agora é vermelho
Fica o desejo
De um cão sem dedo

Cão morde cão
Na frente do portão
Agora cão bravão
Vai ficar de coleirão

(Carnaval de 2008, Cavalcante - GO)
(por Igor Baseggio)

26 de janeiro de 2010

Presente presente

Não faz da tua história
Tua escória
E não faz da tua escória
Tua memória

Porque é hoje que vive presente
Teu grande presente
Ele traz a tua história
Ao teu presente

Tua história vive agora,
Ela traz do teu passado
Tua memória

Então, faz do teu presente
Tua lembrança
Tua presente história

(por Igor Baseggio)

A Dama trouxe o Ferro

Como num rápido piscar de olhos o momento se tranformou em formas antes desconhecidas e tomou conta de toda a alma.

Todo o prazer se esvaeceu em sons e palavras os quais não sabia dizer o nome.

Seus olhos não reluziam, sua voz era abafada e o brilho desapareceu como o ar imperceptível entre os corpos. Suas mãos deslizaram ferozmente sobre seus quadris. Seu punho agarrou seus braços e o medo veio como nunca antes.
Seus olhos não podiam ser vistos.

Todo o momento se esvaeceu em em versos que não se sabia o nome.
Todo o momento se esvaeceu como o vento que leva todas as coisas.

Desconhecido medo de todos os seres que estavam a sua volta.
Sono, som sem sabor, em todo aquele calor. Apenas sensações.

Todo o ser se esvaziou através de olhares sem cortes e sem contornos.

Suas mãos deslizaram brutas sobre todos os seus pêlos. Sua boca secou. Seu peito esvaziou. Seu coração esfriou e toda a diversão foi embora como no segundo em que não se atenta à sensibilidade. Um passo em falso.

Sensibilidade que diante de seres que com intenções de pânico fizeram convites ainda nunca dizidos.
Encheram suas bocas para dizer aquilo que não se diz em sã consciência.
Insana inconsciência.
Paciencia excessiva.
Gentileza expressiva questionada em menos de um segundo.

Não dá para esperar dos outros as atitudes que temos com eles.
O buraco era mais abaixo.
O sentimento acovardou.
O espaço se fechou.
Seu seio não existia mais.

A mentira dizida era a verdade vazia.

Tempestade de ventos frios no calor do Rio. Raios que não se podiam ver.
Não via.
Não sentia.
Apenas olhava.
Vivenciava.

Decepção humana. Inumana contemplação.
A ação foi suspensa, o tempo parou, o passeio foi abortado.
O dia seguinte foi tenebroso.
Não conseguia dizer nada.
Apenas sentia.

(Verão de 2010, Rio de Janeiro - RJ)
(por Igor Baseggio)

25 de janeiro de 2010

Grato

Grato pelo ato
Pelo ato do agrado
Neste agradável verão

Grato pela alegria
Pela alegria da família
Desta família de coração

Grato pela comida
Pela comida do verão
Deste verão bem temperado

Grato pela casa
Pela casa que abriga
Sonhos de noites bem dormidas

Grato pelas histórias
Pelas histórias contadas
De férias bem passadas

Grato por mais histórias
Pelas historias vividas
Nesta vida bem vívida

Grato por nos deixar ficar
Ficar aqui
Nesta casa de madeira

Casa que clareia
Clareia nossa vista
Na vista de nossa visita

Visitantes viajantes
Que visitaram tal vista
A vista da casa de Eva

Eva que neste verão
Nos recebeu com alegria
Alegria de uma família
Num verão bem temperado

(Verão de 2007, Cumuruxatiba - BA)
(por Igor Baseggio)

Possibilidades

Pensamentos possíveis
Tens na ponta do lápis
Poemas e palavras
A possibilidade da tua poesia

Teus pensamentos miram teu passado
Teu passo pesado sobre teu caminho
As páginas miram na tua frente
O poema do teu pensamento

Mira bem tua palavra
Porque tens diante de ti
A possibilidade dos teus poemas

Mira bem teu pensamento
Porque tens dentro de ti
O poema das tuas possibilidades

(por Igor Baseggio)