26 de janeiro de 2010

A Dama trouxe o Ferro

Como num rápido piscar de olhos o momento se tranformou em formas antes desconhecidas e tomou conta de toda a alma.

Todo o prazer se esvaeceu em sons e palavras os quais não sabia dizer o nome.

Seus olhos não reluziam, sua voz era abafada e o brilho desapareceu como o ar imperceptível entre os corpos. Suas mãos deslizaram ferozmente sobre seus quadris. Seu punho agarrou seus braços e o medo veio como nunca antes.
Seus olhos não podiam ser vistos.

Todo o momento se esvaeceu em em versos que não se sabia o nome.
Todo o momento se esvaeceu como o vento que leva todas as coisas.

Desconhecido medo de todos os seres que estavam a sua volta.
Sono, som sem sabor, em todo aquele calor. Apenas sensações.

Todo o ser se esvaziou através de olhares sem cortes e sem contornos.

Suas mãos deslizaram brutas sobre todos os seus pêlos. Sua boca secou. Seu peito esvaziou. Seu coração esfriou e toda a diversão foi embora como no segundo em que não se atenta à sensibilidade. Um passo em falso.

Sensibilidade que diante de seres que com intenções de pânico fizeram convites ainda nunca dizidos.
Encheram suas bocas para dizer aquilo que não se diz em sã consciência.
Insana inconsciência.
Paciencia excessiva.
Gentileza expressiva questionada em menos de um segundo.

Não dá para esperar dos outros as atitudes que temos com eles.
O buraco era mais abaixo.
O sentimento acovardou.
O espaço se fechou.
Seu seio não existia mais.

A mentira dizida era a verdade vazia.

Tempestade de ventos frios no calor do Rio. Raios que não se podiam ver.
Não via.
Não sentia.
Apenas olhava.
Vivenciava.

Decepção humana. Inumana contemplação.
A ação foi suspensa, o tempo parou, o passeio foi abortado.
O dia seguinte foi tenebroso.
Não conseguia dizer nada.
Apenas sentia.

(Verão de 2010, Rio de Janeiro - RJ)
(por Igor Baseggio)

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